Introdução
A construção de um cenário que inclui o educando como figura central do processo de ensino-aprendizagem requer novos caminhos e estratégias que influenciam diretamente a prática educativa. Nessa perspectiva, a incorporação de métodos de ensino inovadores mediados por Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) permite contribuir na reestruturação do ensino de Enfermagem. 1
As TDIC são reconhecidas como ferramentas que permitem maior aproximação com o universo dos educandos imersos na cibercultura - cultura digital 2, com possibilidades para tornar o processo educativo mais dinâmico e ativo. Estas são caracterizadas pela pluralidade de recursos digitais que incluem desde dispositivos eletrônicos e tecnológicos, como computador e internet, até softwares envolvidos na comunicação e disseminação da informação - smartphones, programas de acesso à internet e redes sociais objetos de aprendizagem, e softwares educacionais. 5-6
Em contextos educacionais, essas tecnologias têm promovido novas ambiências de aprendizagem, favorecendo a autonomia do educando, colaboração e participação ativa. Ademais, contribui para a reorientação do papel docente, que atua como mediador do processo educativo e na “(...) utilização de recursos tecnológicos na produção de material educacional configura-se uma prática potencialmente rica no ensino e aprendizado de disciplinas mediadas em ambiente virtual” (p.867). 7
No ensino de Enfermagem, as discussões atuais reforçam o papel que o educando deve assumir, participando ativamente da construção do seu conhecimento, valorizando suas experiências e dialogando, principalmente, com a cultura digital na qual está inserido. De modo que “uma vez que esta geração convive naturalmente com as tecnologias digitais, suas influências trouxeram para os ambientes escolares alunos mais interativos e conectados” (p.1). 6
As Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de Enfermagem 8 orientam uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, que permite o desenvolvimento de habilidades em diferentes áreas de conhecimento que orientarão a prática profissional. Dessa forma, espera-se que o processo de formação crie condições para que o aluno possa se desenvolver nesses aspectos preconizados. A proposta em andamento para as novas DCN do curso de Enfermagem reforça essa orientação, além de demandar uma formação alinhada com as metodologias ativas de aprendizagem e tecnologias de informação e comunicação. 9
Nesse cenário, as TDIC têm sido cada vez mais discutidas quanto às possibilidades de promover um ensino que dialogue com as necessidades atuais de formação na área da saúde. Sobretudo, fomentando participação ativa e autônoma dos educandos, de forma que a presença das TDIC no processo de ensino-aprendizagem legitima o caráter dinâmico do conhecimento nos dias atuais e suscita discussões quanto às novas estratégias educacionais e suas potencialidades. 1
Diante desse cenário de mudanças nos processos educativos que podem ser promovidos pelas TDIC, objetiva-se conhecer o processo de integração dessas tecnologias, facilidades e limites percebidos por docentes de um curso de graduação em Enfermagem.
Materiais e Métodos
Estudo descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa, realizado no ano de 2018, com nove docentes de um curso de Bacharelado em Enfermagem de uma universidade pública localizada no interior cearense.
Esse artigo é resultado de um recorte da pesquisa intitulada “Tecnologias digitais de informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem na graduação em enfermagem”, cujo objetivo é investigar o uso de tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) em práticas pedagógicas de docentes em um curso de Graduação em Enfermagem.
Se tratando da descrição dos participantes, seis (n=06) docentes são do sexo feminino com formação acadêmica/titulação de especialista, mestre e doutora, cinco fazem parte do quadro efetivo de professores da instituição referida, e duas, do quadro de substituto-temporário. Em relação ao tempo de atuação na área da docência, identificou-se uma variação entre um ano e meio a vinte e quatro anos de experiência profissional. No que se refere aos participantes do sexo masculino (n=03), possuíam formação acadêmica/titulação de mestre e doutor, com experiência de dois meses a onze anos de atuação, sendo dois efetivos e apenas um na condição de temporário.
Para seleção e recrutamento dos participantes, buscou-se considerar os fundamentos didáticos, teóricos e práticos que constituíam as disciplinas que são estruturadas pela matriz curricular do curso. Com base nas diretrizes que orientam o projeto pedagógico, as disciplinas são divididas em três grandes áreas: Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Enfermagem, sendo a última área mencionada, subdividida em quatro áreas de conhecimento: Fundamentos de Enfermagem, Assistência de Enfermagem, Administração de Enfermagem, Ensino de Enfermagem. 10
Os entrevistados foram selecionados por áreas de conhecimento presentes no Projeto Pedagógico do Curso (PPC) do curso de Graduação em Enfermagem do ano de 2017. Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: docentes em exercício, efetivo e/ou substituto-temporário, e como critérios de exclusão: docentes afastados de suas atribuições e atividades curriculares, ou que não estivessem em exercício durante o período da coleta.
Os docentes que participaram do estudo pertenciam às seguintes áreas: Ciências Biológicas e da Saúde e Ciências da Enfermagem, mais especificamente, nas áreas Assistência de Enfermagem, Fundamentos de Enfermagem e Ensino de Enfermagem. Na (Figura 1) são apresentadas as doze disciplinas, assim como as quatro áreas de conhecimento nos quais os participantes atuavam durante o período de coleta dos dados.
Para o processo de produção dos dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, conduzidas por um roteiro previamente elaborado, incluindo informações sobre: dados pessoais dos participantes, disciplinas ministradas, tempo de formação, período de atuação na área da docência, formação acadêmica/titulação e a área específica de atuação. As perguntas foram formuladas com o objetivo de conhecer e apreender informações pertinentes acerca da temática investigada, incluindo o conhecimento prévio e a percepção docente em relação aos tipos de TDIC utilizadas na prática pedagógica, e as possíveis limitações/dificuldades e/ou potencialidades para o uso dessas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.
As entrevistas foram gravadas em formato de áudio, mediante a autorização prévia, e a participação e aplicação, condicionada à assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido/pós-esclarecido.
Os dados produzidos nas entrevistas foram analisados segundo o referencial da análise de conteúdo, e em um nível mais aprofundado de análise, seguiu os pressupostos de inferência e interpretação dos dados. 11
A pesquisa seguiu todas as recomendações e princípios éticos preconizados pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, e recebeu parecer favorável de Comitê de Ética e Pesquisa, sob nº 2.336.508, em outubro de 2017, com emenda, nº 2.895.655, aprovada em setembro de 2018. Para a garantia da ética na pesquisa também foi utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os colaboradores envolvidos. Com o intuito de garantir o sigilo e o anonimato das informações pessoais dos entrevistados, foram utilizados os seguintes códigos para identificação: Prof 01, Prof 02 ... Prof 09.
Resultados
Os resultados são apresentados em duas categorias temáticas: “As TDIC no processo de ensino-aprendizagem no curso graduação em Enfermagem” e “Facilidades e limites para a integração das TDIC em práticas docentes no curso de Enfermagem”.
As TDIC no processo de ensino-aprendizagem no curso de graduação em Enfermagem
As TDIC têm sido integradas às práticas docentes em diferentes perspectivas, tanto em atividades teóricas quanto práticas. Contudo, embora represente um processo inicial em relação ao seu uso, percebe-se um potencial para continuidade e expansão em outros ambientes e disciplinas. A partir do uso de aplicativos móveis de simulação de práticas, redes sociais, links para websites, grupos de WhatsApp e vídeos-aulas, esforços têm sido empreendidos pelos docentes para integrar essas tecnologias ao contexto das atividades pedagógicas, potencializando o processo educativo, principalmente, nas disciplinas mais práticas que requerem a demonstração de procedimentos e técnicas específicas, como cálculo e administração de medicamentos.
Em algumas disciplinas da área básica é comum a utilização de vídeos com casos clínicos. Por sua vez, os aplicativos são utilizados com mais frequência em disciplinas da área de assistência de enfermagem:
“(...) na área básica eu utilizo muito (...) já trabalhei com vídeo casos, como se fosse casos clínicos em formas de vídeo, né, que aí ele vai passando a história clínica e aí permite essa questão da criticidade, da reflexividade e articulação com os conteúdos da disciplina (Prof.02)”.
“A gente utiliza aplicativos (...) em técnicas específicas, por exemplo, eu estou na Semio (sic). A gente utiliza aplicativos para a questão de sons pulmonares, sons cardíacos na hora da execução (...), nós temos um aplicativo que facilita a identificação da ausculta, dos sons para que o aluno tenha esse contato (...) (Prof.04)”.
A integração das TDIC amplia a criação de estratégias que promovem a participação ativa do educando, oferecendo espaços de reflexão, autonomia, bem como do desenvolvimento da criatividade e colaboração. Como exemplo, os docentes têm incentivado o uso de portfólios digitais, blogs e redes sociais. Na disciplina do Prof.06, os alunos criaram um perfil em uma rede social para divulgar as temáticas trabalhadas em sala de aula e compartilhar, com a comunidade acadêmica, discussões sobre temas que são transversais à formação em Enfermagem: (...)um perfil da rede social do Instagram, e tem funcionado como uma tecnologia de informação porque os alunos divulgam as temáticas tratadas em sala de aula (...). Dois alunos criaram blogs pra fazer seus portfólios virtuais (...) (Prof.06).
Os recursos de comunicação como e-mail e aplicativos de troca de mensagens, são relevantes ferramentas que também auxiliam na prática pedagógica. As redes sociais, como o WhatsApp, aproximam discentes e professores, e promovem a divulgação de informações e compartilhamento de materiais para estudo referentes às disciplinas.
Por outro lado, experiências pontuais têm demonstrado a busca dos docentes por outras estratégias que possam potencializar esse processo educativo, exemplo disso é a utilização de salas de aula virtuais, que permitem, além da disponibilização de materiais da disciplina, uma extensão do ambiente da Universidade, favorecendo a interação, o feedback dos professores e oferecendo outras possibilidades de aprendizagem ao estudante. Nós temos um grupo no whatsapp, então de certa forma facilita nossa comunicação, tem uma repercussão no processo ensino-aprendizagem (...) (Prof.05). Em outros casos, o uso de ambientes virtuais de aprendizagem também tem sido uma estratégia para o processo de ensino-aprendizagem: Eu “tô” (sic) utilizando a tecnologia do Google Class (Google Classroom), (...) uma tecnologia de ensino, porque nós estamos interagindo através de uma sala de aula virtual (...) (Prof.06).
A integração das TDIC constitui uma estratégia que visa a construção de um ensino voltado para a perspectiva mais atuante do educando. Nas disciplinas mais práticas, a utilização de aplicativos que ilustram procedimentos, permitindo a assimilação entre teoria e prática, vem se consolidando como espaços que fundamentam a aprendizagem. O uso de portfólios digitais, blogs e redes sociais ajudam na propagação de informações, promovem práticas que reforçam e dão continuidade ao processo de ensino, resultando na construção de conhecimento mediado pelo professor, sob novas perspectivas didáticas.
Facilidades e limites para a integração das TDIC no ensino de Enfermagem
As TDIC são descritas pelos docentes (Quadro 1) como recursos que podem promover uma educação que se distancia da prática pedagógica tradicional e avança para um processo de construção de conhecimento, favorecendo a participação ativa do educando e a aprendizagem colaborativa. Nesse processo de mudança de práticas, os papeis de educadores e educandos são revistos e ambos se tornam aprendizes. Ademais, promove-se uma prática pedagógica transformadora, problematizadora, que passa a ser significativa e valoriza as experiências e vivências do educando.
Em muitas disciplinas e atividades, a presença das tecnologias enriquece e facilita o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando ao discente ter acesso a recursos que não estão disponíveis na Universidade, como modelos anatômicos, manequins/simuladores de procedimentos de enfermagem. Nesse sentido, diferentes recursos, principalmente aplicativos móveis com simulações, têm sido utilizados com êxito pelos docentes.
As TDIC são reconhecidas pelos docentes pela sua capacidade de desenvolver nos estudantes diferentes habilidades que são fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem, dentre elas, a interação, colaboração, afetividade, comunicação e a autonomia. Aliadas a essas potencialidades, os professores também destacaram a interatividade e praticidade como elementos que também contribuem para com o aprendizado.
Ademais, destaca-se que para promover a participação ativa do educando e o desenvolvimento da autonomia, deve-se trabalhar a partir de uma prática pedagógica na qual o professor assuma o papel de mediador. Desse modo, buscando estimular novas soluções para integrar o processo educativo à realidade deles, as TDIC oferecem espaços para despertar no aluno o interesse pelo aprendizado, uma vez que as tecnologias digitais fazem parte do cotidiano dessa geração digital em diferentes espaços e contextos.
As percepções dos professores também revelam os limites/dificuldades (Quadro 2) para integrar as TDIC nas suas práticas pedagógicas no ensino de Enfermagem. Para o Prof.02 falta um alinhamento do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) com as necessidades atuais de formação. Nesse caso, a inserção dessas tecnologias digitais e a atuação dos docentes pode se tornar limitada se essa abordagem sobre as TDIC não estiver presente nos documentos que norteiam e orientam o ensino da enfermagem.
De modo complementar, os docentes apresentaram um conhecimento ainda fragmentado sobre as tecnologias e sua integração prática. Como consequência, o processo de utilização dessas ferramentas e/ou estratégias são implementados de maneira desarticulada. Além disso, a Instituição de Ensino Superior (IES) também precisa oferecer suporte adequado, tanto estrutural quanto de formação continuada, para operacionalizar com mais efetividade, tais tecnologias.
Em relação às questões estruturais, os docentes foram unânimes ao referirem que falta na Universidade uma rede de internet de qualidade, suporte técnico e laboratórios de informática que permitam o acesso a tais recursos. Para o Prof.08 a IES também poderia oferecer recursos que incentivassem o uso das TDIC na graduação, como por exemplo, um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) que promovesse a interação entre os departamentos e o setor de tecnologia de informação. Essa colaboração poderia resultar na integração dessas tecnologias nas práticas educativas, a partir do desenvolvimento de novas estratégias e metodologias.
Os limites também podem estar relacionados aos próprios discentes, sobretudo, em relação às condições socioeconômicas e ao acesso limitado/restrito à internet que podem ser considerados barreiras para a inclusão dessas tecnologias ao processo de ensino-aprendizagem. Assim, a utilização das TDIC na prática docente pode representar outro desafio, pois quando integrada a uma prática pedagógica inovadora, implica maior participação, autonomia e protagonismo, habilidades que não são desenvolvidas quando a formação ainda é regida pelo um modelo tradicional de ensino.
Em outra perspectiva, os discentes também precisam compreender as possibilidades que essas tecnologias oferecem para além das suas atividades de lazer, podendo se configurar como importantes recursos para o aprendizado. Para o Prof.08, as próprias redes sociais representam espaços que poderiam ser integrados ao processo de ensino-aprendizagem.
Com base nos aspectos apresentados e a partir das considerações e interpretações das categorias temáticas, identificou-se elementos que formularam um macrocomponente analítico de conhecimento e integração das TDIC no ensino de Enfermagem, resultando em uma reflexão articulada entre o processo de ensino-aprendizagem e a prática docente. Na (Figura 2) é possível visualizar uma síntese analítica dos resultados, na qual destaca-se que a reflexividade, a criticidade e a comunicação são os elemetos encontrados nas TDIC que contribuem para o ensino de enfermagem. Percebe-se a presença de elementos que fomentam e ampliam as possibilidades no ensino e na aprendizagem, mas que requerem maior apropriação nos documentos norteadores, como projeto pegagógico do curso, e superação de limites estruturais e de ampliação do acesso às tecnologias.
Discussão
As percepções docentes corroboram com uma prática que destaca novas tendências no ensino e na produção de conhecimento. Processos que, quando instituídos, mesmo que de forma incipiente, revelam mudanças quando comparada às práticas tradicionais de ensino. São concepções que possibilitam criar e desenvolver competências técnicas, favorecendo uma mútua aprendizagem do fazer didático, por parte do docente, e do aprender a aprender, por parte do discente.
As TDIC como ferramentas de aprendizagem impulsionam a transformação permanente dos espaços educacionais que produzem o cuidado em saúde. No campo da Enfermagem, propicia a desconstrução, assim como a construção contínua dos sentidos, dos saberes e das práticas que consolidam o ensino e a formação no âmbito da saúde. Os novos espaços de aprendizagem mediados pelas tecnologias digitais, como os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), a Web 2.0 e as redes sociais, podem ampliar as possibilidades de interação, inserindo o educando no centro do processo da aprendizagem, e tornando essas tecnologias apropriadas a uma pedagogia ativa. 2 Estudos têm demonstrado as diferentes possibilidades de integração de TDIC ao ensino de Enfermagem, tais como: o uso do AVA, desenvolvimento de Objetos de Aprendizagem (OA), simuladores e construção de recursos educacionais abertos. 7)(12)(13)(14)(15)(16).
A integração das TDIC, a partir de estratégias que promovem a reflexão do educando, apresentaram relevantes resultados para a aprendizagem. Em uma pesquisa sobre o uso de narrativas digitais ao processo de ensino-aprendizagem de estudantes de medicina, identificou-se que a integração de blogs como espaços para construção de narrativas pessoais e compartilhamento das experiências durante o processo educativo permitiu maior reflexão dos estudantes e integração da discussão teórica com a prática. 17
As diferentes possibilidades de utilização das TDIC em práticas docentes relevam aproximações com pesquisas e experiências realizadas em outros contextos, sugerindo que essas ferramentas/estratégias tem se tornado uma demanda atual para a formação superior. Para estes autores, os vídeos, sites, plataformas educativas e softwares, podem transformar o espaço da sala de aula ao tornar o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico e flexível. 18)
Em um artigo de revisão sobre aplicativos móveis disponíveis para o ensino de exame-físico e procedimentos de enfermagem, identificou-se que a sua aplicação contribui para oportunizar a troca de experiências e informações entre indivíduos, além de ampliar o acesso ao conteúdo. Dentre os aplicativos mais utilizados, estão o Oiva, Vital Easy, Whatsapp, Facebook e e-mails. 19
No que se referem às facilidades do seu uso, os resultados desse estudo corroboram com o pensamento de autores 20 que defendem razões para inserção das TDIC em práticas educativas, dentre elas, tornar a aula mais atrativa, promover interação e trabalho colaborativo. De forma complementar, as TDIC permitem que os educandos vivenciem novas experiências no processo de formação.
Em um estudo sobre a percepção de docentes de Enfermagem acerca da utilização das TDIC 21, os resultados mostraram que, para os discentes, o uso da tecnologia melhora o nível de eficácia do processo formativo e esta é favorável e atrativa à prática docente, por permitir o desenvolvimento de novos meios de ensino inovadores e dinâmicos. Em outro estudo que também avaliou o uso de TDIC por docentes de Enfermagem, identificaram que as redes sociais tem se tornado estratégias tecnológicas importantes para o processo de ensino-aprendizagem, dentre elas, YouTube, Facebook e WhatsApp.22
Para que a integração das TDIC no ensino superior promova a inovação das práticas, devem-se assegurar condições pedagógicas que favoreçam sua aplicabilidade 23. Nesse caso, destacam-se as limitações que foram apresentadas pelos docentes que participaram do estudo, dentre elas, a limitação estrutural por parte da Universidade, incluindo a falta de um sinal de internet amplamente difundido para todos, a falta de laboratórios de informática, suporte do setor de tecnologia de informação e a formação/capacitação continuada para os docentes. Estas são dificuldades percebidas em outros estudos 22-24-20. Nesse último 20, um dos professores entrevistados referiu que apesar dos docentes estarem incluídos digitalmente, o uso pedagógico das TDIC exige um conhecimento específico. E para que a sua integração seja efetiva, destacam a importância da capacitação docente sobre o uso das TDIC em práticas pedagógicas e demostram que os estudos nacionais sobre a temática têm apresentado relatos sobre as dificuldades de uso das TDIC em espaços educacionais devido a infraestrutura física das escolas em termos de equipamentos, conexão de internet e ambientes em que esses equipamentos serão utilizados na prática do professor. 24-25-26
As TDIC trouxeram mudanças consideráveis e positivas para a educação. Sua inserção em meio acadêmico aponta para uma reestruturação educacional que busca tornar a formação um processo dinâmico e interativo. E assim, as TDIC expandem o exercício da docência e as competências pedagógicas, e dessa maneira, para fortalecer o processo de aprendizagem dos alunos seria necessário buscar desenvolver “competências digitais”, como forma de instrumentalizar essas ferramentas. Associado a isso, as “competências pedagógicas em TDIC”, para difusão das estratégias de ensino e aprendizagem, e por fim, na perspectiva de inovação as “competências pedagógicas em TDIC nível avançado”, que partilha as experiências e reflexões de modo a colaborar com as práticas educativas. 27
Nessa perspectiva, consideram-se as múltiplas possibilidades que as TDIC oferecem para o ensino na Enfermagem, muitas delas, já citadas pelos docentes que participaram desse estudo, relevando práticas pedagógicas que ampliam o espaço para a participação ativa do educando além do desenvolvimento de habilidades tão necessárias a sua futura prática profissional.
Assim, o processo de ensino-aprendizagem se alinha a produção e organização do conhecimento, sendo mediadas pela conduta docente e por propostas pedagógicas que se modificam ao longo dos anos. A incorporação das TDIC, assim como as metodologias ativas de ensino, promove uma discussão pertinente sobre as novas formas de se instituir e gerir o conhecimento.
No cenário da saúde, em específico no ensino de Enfermagem, percebe-se uma inovação pedagógica com a utilização de tais ferramentas, sendo sua integração condicionada a um exercício contínuo, pautada em métodos ativos que são precedidos pela ação coletiva e contínua do conhecimento e da aprendizagem.